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Parentalidade Compartilhada para Casais Homoafetivos: Desafios e Conquistas Legais

Os principais desafios e avanços legais enfrentados por casais homoafetivos no Brasil em relação à guarda compartilhada e adoção, além de direitos trabalhistas, previdenciários e questões de discriminação.

Katlyn Nicioli Vaz de Lima*

Nos últimos anos, a parentalidade de casais homoafetivos no Brasil passou por uma série de evoluções significativas, mas ainda há desafios a serem enfrentados. Vamos explorar os principais pontos sobre guarda compartilhada, adoção, direitos trabalhistas, previdenciários e discriminação, oferecendo uma visão geral da luta pela igualdade.

  1. Desafios e Conquistas Legais:

Desafios na Guarda Compartilhada

Casais homoafetivos enfrentam barreiras no Brasil ao buscar a guarda compartilhada de seus filhos. Apesar dos avanços, muitos ainda se deparam com preconceitos enraizados, inclusive no sistema jurídico, onde vieses conservadores dificultam o reconhecimento de ambos os parceiros como pais/mães legais da criança.

Evolução da Legislação em Relação à Adoção

A legislação brasileira avançou consideravelmente em relação à adoção por casais homoafetivos. A partir de 2010, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu o direito de casais do mesmo sexo à união estável, abrindo caminho para outros direitos familiares, como a adoção. Desde então, decisões judiciais têm garantido o direito à adoção e à guarda compartilhada, tornando o Brasil um dos países mais progressistas da América Latina nesse aspecto.

Direitos e Lacunas Jurídicas

Hoje, casais homoafetivos têm o direito de adotar, registrar seus filhos e participar ativamente da guarda compartilhada. Entretanto, ainda há lacunas jurídicas, especialmente no que diz respeito à uniformidade na aplicação da lei em todo o território nacional. Em algumas regiões, os processos podem ser mais complicados devido a interpretações divergentes por parte de juízes ou conservadorismo local.

  • Direito do Trabalho:

Parentalidade no Direito do Trabalho

O direito do trabalho no Brasil tem avançado em relação à parentalidade de casais homoafetivos, mas ainda há barreiras. Embora a legislação garanta direitos iguais a casais do mesmo sexo, como a licença parental, algumas empresas podem oferecer resistência ou não estarem preparadas para lidar com essas demandas.

Licenças Parentais e Igualdade

Em termos de licenças parentais, a legislação brasileira garante aos casais homoafetivos os mesmos direitos que aos heterossexuais. Ambos têm acesso à licença maternidade ou paternidade, dependendo da configuração familiar e do papel de cada um no cuidado com a criança. Empresas mais progressistas estão ampliando políticas internas para garantir igualdade, como a licença parental compartilhada entre os cônjuges.

Desafios no Ambiente de Trabalho

Casais homoafetivos podem enfrentar preconceitos no ambiente de trabalho ao solicitar benefícios relacionados à parentalidade, como a licença-maternidade ou a inclusão de dependentes no plano de saúde. Para lidar com esses desafios, é fundamental que as empresas adotem políticas claras de diversidade e inclusão, garantindo que todos os funcionários sejam tratados de forma igualitária.

  • Direito Previdenciário:

Benefícios Previdenciários e Pensão por Morte

O direito previdenciário brasileiro reconhece a união estável de casais homoafetivos para fins de pensão por morte e aposentadoria. Sendo assim, podem incluir seus parceiros e filhos como dependentes para acesso a benefícios, como pensão por morte ou aposentadoria por invalidez, em igualdade de condições com casais heterossexuais.

Registro de Dependentes e Dificuldades

Embora a legislação garanta a inclusão de dependentes, na prática, alguns casais homoafetivos enfrentam dificuldades burocráticas no processo de registro dos filhos, especialmente em situações onde a dupla filiação ainda não foi plenamente reconhecida. No entanto, os tribunais têm mantido decisões favoráveis à parentalidade homoafetiva, facilitando o registro dos filhos e o acesso a benefícios previdenciários.

Planejamento Previdenciário

Casais homoafetivos que pretendem adotar ou têm guarda compartilhada devem montar um planejamento previdenciário, considerando a inclusão de dependentes no INSS e o direito à pensão. É aconselhável buscar orientação jurídica e previdenciária para garantir que todos os benefícios sejam acessados sem complicações no futuro.

  • Discriminação:

Discriminação no Processo de Adoção e Guarda Compartilhada

Infelizmente, a discriminação ainda é um obstáculo significativo para casais homoafetivos que buscam adotar ou obter guarda compartilhada. Embora a lei não faça distinção entre casais homoafetivos e heterossexuais, preconceitos persistentes podem influenciar os profissionais envolvidos no processo, desde assistentes sociais até juízes, atrasando ou dificultando o andamento dos casos.

Preconceito no Processo Legal

Casais homoafetivos enfrentam preconceitos velados e explícitos, seja durante as entrevistas de adoção ou nos tribunais. A falta de conhecimento e a resistência de profissionais sobre as mudanças legais relacionadas à parentalidade homoafetiva também contribuem para atrasos e complicações nos processos.

Conclusão

Apesar dos avanços legais em relação à adoção e à guarda compartilhada por casais homoafetivos no Brasil, ainda há desafios significativos a serem superados. No campo do direito do trabalho e previdenciário, barreiras e discriminação persistem, mas a conscientização e o aprimoramento das políticas de igualdade são passos fundamentais para uma sociedade mais justa. O reconhecimento pleno dos direitos de casais homoafetivos ainda depende de mudanças culturais e da ampliação do entendimento jurídico, garantindo que todos os casais, independentemente de sua orientação sexual, possam formar e proteger suas famílias com segurança e dignidade.

* Katlyn Nicioli Vaz de Lima é advogada do Sutti Advogados Associados.

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